Martha H T de Souza

Dicas de mulher

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Se esse título fosse visualizado na época da minha vó, provavelmente já pensaríamos em dicas de receitas, beleza, cuidado com a casa e filhos. Atualmente, quando uma amiga chama para uma roda de conversa, preparamos o repertório, porque os temas ampliaram. Provavelmente, debateremos sobre respeito, situações de violência nas questões que envolvem o feminino, política, liberdade, entre outros. Isso nos fortalece para não ouvirmos, por exemplo, abordagens que cheiram a opressão, caladas.

Estamos atentas aos detalhes. Quando o vendedor de móveis nos oferece aquela confortável "cadeira do papai", prontamente questionamos onde está a cadeira daquela que tem jornada dupla (ou tripla) de trabalho e chega exausta em casa? Ao frequentarmos os banheiros de restaurantes e shoppings, ponderamos sobre o que motiva o trocador de fraldas estar presente apenas nos banheiros femininos. Alguns podem dizer que é "mi-mi-mi". Eu chamaria de um belo despertar.

Enfim, o fato de muitas pessoas saberem que atuo frente a essas temáticas gera o recebimento de mensagens solicitando dicas de filmes, textos e livros que possam auxiliar outras mulheres a buscarem cada vez mais sua independência. Nesta semana, chegou o pedido de conselhos de uma pessoa que cuida (muito bem) dos meus cabelos, fato que motivou a estar escrevendo este texto. Fiquei feliz em saber que até no salão de beleza não travamos a língua e estamos sempre buscando melhores condições para todas.

Fechei os olhos e pensei quando esse processo começou na minha vida. Como outras meninas da minha época, também fui educada para ser "boazinha". Portanto, posso dizer que tive uma infância e adolescência assistindo que os meninos podiam tudo e as meninas quase nada. No entanto, minha mãe, amante de livros e cheia de sabedoria, insistia sempre em uma frase: minhas filhas precisam ter um diploma, nem que seja de "piniqueira"! Achávamos engraçado, sem perceber o quanto era valiosa a preocupação em nos deixar a possibilidade maior de independência: o estudo.

Um dos primeiros livros que entrou na minha estante (depois que saí da casa da minha mãe e meu pai) tinha como título Rainha do lar? Uma ova! - de Onilza Braga. Apesar de estar com as folhas amareladas, ele permanece em lugar de destaque, pois provocou mudanças importantes no meu viver.

Voltando ao pedido de dicas, ouso sugerir alguns livros que recentemente sacudiram meus pensamentos. O primeiro deles é de uma escritora do século XVIII, Mary Wolstonecraft, chamado Uma reivindicação pelo direito das mulheres. Incrível ver que um livro, escrito em 1792, alertava sobre questões que lutamos até hoje.

Rebeca Solnit tem dois livros que são imperdíveis: Os homens explicam tudo para mim e A mãe de todas as perguntas. Mulheres, raça e classe, da Ângela Davis, é leitura obrigatória. Um lugar bem longe daqui, da escritora Delia Owens, é estupendo! Estou lendo agora O país das mulheres, da escritora Gioconda Belli e já posso testemunhar que é di-vi-no!

Não posso deixar de dizer: valorizem as escritoras. Leiam Viajantes do abismo, de Nikelen Witter, que além de um mulherão, é nossa, de Santa Maria!

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